terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Breve Analise do Resultado das Eleições em J. Gomes


Depois de dias de acusações e intrigas políticas, as eleições em Joaquim Gomes chega ao fim; há quem diga que não, mas tudo bem. O importante é que a situação na qual o município estava mergulhado foi à parte “resolvido”. Pois, bem sabemos que o sentido de resolvido refere-se à situação política, e não social. O silêncio tomou conta das ruas, após vários dias de muito barulho, cada um que mostrasse suas músicas, e ao mesmo tempo esqueceram que música de campanha, ou jingle, deve ser uma só. Assim como fez o ex-presidente Luiz Inácio LULA da Silva, em suas campanhas presidenciais desde 89, que sempre utilizou aquela que dizia “Lula lá, Lula lá”. Em fim você(s) deve(m) lembrar.
 Outra coisa que nos chama a atenção é as atiradas políticas que são utilizadas, ou mesmo como frisou a socióloga Aldjane de Oliveira “A presença do religioso é muito forte na política, principalmente nos interiores” Essa observação vem do que muito foi utilizado durante as eleições local, ou seja, a presença do “bem e do mau” nos comícios e palanques. Facilmente ouvíamos repetidamente a colocação de natureza pejorativa para os candidatos. Todo mundo fazia parte do bem, e do mau. Cada um que atacasse de forma direta, ou indireta.
Deficiências aparte vamos ao que interessa, ou seja, o resultado das eleições, que a meu ver obteve grande representatividade no que se referem a rejeições, opções e aceitação. Depois dos resultados obtidos nas urnas pelos candidatos, sempre fica a dúvida quem votou em quem? O que sei é que boa parte votou nos seus interesses, já que “defendemos tudo aquilo que é nosso por interesse”. E sobre os votos nulos; votos de protesto, ou de pessoas que erraram ao digitar? Já que a expressão foi muito alta, com quase 40 votos; o que não quer dizer que as pessoas não tenham adquirido um senso critico, mas que os números realmente assustam. E por outro lado os votos brancos somaram 93.
Acredito que tenha havido erros de digitação na hora de votar, já que boa parte das pessoas que dizem não terem candidatos, por não concordarem com o seu modelo de política, dizem que irão votar em branco e quase nunca nulo. Mostrando a falta de conhecimento que há entre o voto nulo e o voto branco. O voto nulo representa um voto de protesto e de insatisfação com os candidatos propostos, e não somam para ninguém, pelo contrario representa algo muito importante para a democracia e para o social-politico de quem expressa sua insatisfação. Por outro lado o voto branco é um voto que não faz diferença, digo não tem um significado, se não o de quem simplesmente não quis votar, já que votando em branco está contribuindo para o candidato que estiver à frente.
Algo importante dito pelo mestrando em sociologia pela Universidade Federal de Alagoas, Daril Weslen é que “Muitos não votaram no Toinho, votaram contra a Cristina Brandão” E ao mesmo tempo sabemos que “o Antonio Batista possui uma quantidade de voto “cativa”, ou seja, que é dele há muitos anos. Ele tem tradição política local,” como frisou o graduando em História Bacharelado pela Universidade Federal de Alagoas, Fernando Milton de Mendonça. Pois bem, o candidato tucano não se diferencia tanto assim da ex-prefeita Cristina Brandão, pois seu governo foi estruturado de facilitação para alguns, ou, para algumas famílias, perseguição a funcionários e com criticas de terceiros de desvio de verbas, como ouvíamos nos comícios.
Esperamos que com o apoio da sua cúpula ele faça um governo verdadeiramente diferente do seu mandato anterior; eu pelo menos não acredito tanto. Por outro lado a rejeição ficou por parte do candidato do PP que devido à sombra da ex-prefeita teve uma alta rejeição. Nego Sarapião, que utilizou o slogan “Nunca se fez tanto em tão pouco tempo” mostrou que o seu trabalho foi reconhecido por mais de mil pessoas, e claro muitas outras que apesar de elogiá-lo não o deu um voto, por não acreditar na sua vitória, e assim favorecer a “vitória” da ex-prefeita.
Certamente, após a boa expressão de voto que o candidato Marcelino Sarapião obteve, torna-se um forte candidato para o próximo pleito, seja como vereador, ou como vice-prefeito, ou mesmo prefeito. Entretanto as pessoas que deram um voto de confiança em seu trabalho, ou de gratidão, certamente se sentiram satisfeito, pois essa eleição foi a mais rica de todos os tempos; acredito que nunca se tenha gasto tanto dinheiro para eleger um candidato, como foi o caso dos candidatos do PSDB e PP. Se o candidato do PSL tivesse gasto metade do dinheiro que foi investido pelos seus adversários certamente teria obtido o dobro da quantidade de votos depositado em sua confiança.
Esperamos que o novo prefeito ao assumir não traga consigo seu tradicionalismo, e o hábito do seu partido em não fazer concurso. Como também que ao lado de sua vice e do vereador Dil, possam realizar um projeto político que vise o social, e as pessoas que realmente precisam, e não tão somente as mesmas famílias por ele beneficiado. E que ao nomear seus secretariados, não ponha a frente à questão eleitoreira, mas sim a de competência. Para concluir, os votos de “confiança” não acredito que o seu grupo se mantenha de pé até o fim do ano, pois cada um que investiu altos valores, irão querer a mais gorda fatia do bolo, de repente até chegue devido a próxima eleição. Pois, não iremos cair no conto do vigário em acreditar que tudo foi por amor a J. Gomes.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

49 Anos de Idade e de Tantas Outras Coisas...

Joaquim Gomes chega aos seus 49 anos de idade e de muitas lutas, algumas até hoje travadas pelo poder político, outras pela simples sobrevivência de seus oriundos que por não notarem nenhuma perspectiva de vida, são obrigados a tentar a vida em outro lugar, aonde possa ao menos levar uma vida mais digna. Claro essa miserabilidade está presente em todo o país, e mais vigente em Alagoas, que carrega sobre os ombros péssimos índices, por causa de políticos que não tem nenhum comprometimento com o Estado.
O nosso município preste a completar quase meio século de vida passa por um momento político inédito na sua história, e possivelmente na história do país; pois esse fato, ao qual me refiro já se arrasta há mais de dois anos, e provavelmente iremos até o próximo pleito da maneira que estamos, mas esse não é o nosso objeto de estudo no momento.
Muito se comemora nessa data, porém para poucos se dão as devidas homenagens, pois não podemos esquecer que a origem de Joaquim Gomes está claramente ligada à história da Aldeia Wassu – Cocal, ainda quando Urucu (remota 1888) já estava situado nessa região, e mais tarde daria nome à vila Urucu, deste modo muito contribuiu para o que hoje é a cidade de Joaquim Gomes.
Mesmo com tal importância os indígenas tiveram parte de suas legítimas terras tomadas por fazendeiros da época, foram caçados e outros até se tornaram fugitivos, algo típico na formação do nosso país, bem como a prática da grilagem, que ainda é tão comum, e em Joaquim Gomes não foi diferente.
Entretanto, muito se comenta a respeito dos índios que lá na aldeia Wassú-Cocal vivem, como por exemplo, a sua “originalidade”, ou seja, facilmente escutamos dizer “eles não são índios de verdade, são todos caboclos”. Uma forma pejorativa encontrada por fazendeiros para lhes negar o direito à posse da terra. 
Outra personalidade importante para a história de Joaquim Gomes, e que deveria ser devidamente homenageado é o Sr. Gendevaldo, sendo ele o quinto prefeito e deles o único vivo, tendo bastante história para contar a respeito de toda trajetória juruquense, também sendo um dos prefeitos que mais trabalhou para a construção do município, pois constatamos que é a partir de Gendevaldo que J. Gomes conhece a “civilização”, ou seja, é quando o município se depara com a modernidade e o progresso.
 Entretanto, Joaquim Gomes vai aos poucos se deparando com novos pensamentos, com outras novidades e que certamente aos poucos irá contribuir para o seu crescimento e engrandecimento. Certamente esse futuro não está tão distante da realidade, pois hoje agradecemos a todos os quais já estiveram sobre esse solo, lutando pelo direito do próximo, aos que somaram forças juntamente com esse povo “valente” e sofredor, para que nessa da data de comemoração pudéssemos comemorar mais um ano de vida da nossa terra, já tão manchada de sangue e suor por aqueles que deram suas cabeças por mais dignidade, respeito e por possibilidade de um futuro melhor.
                              

terça-feira, 26 de julho de 2011

Manual de sobrevivência na política joaquingomense



Manual de sobrevivência na política joaquingomense
A cada dia uma novidade, um novo nome no papel, e uma nova velha maneira de se dar bem nas custas do povo. Por isso me senti na obrigação de escrever algumas regras de sobrevivência, para aqueles que ao longo do tempo viveram no rumo, e mesmo assim não aprenderam bem como fazer suas tramóias, e suas roubalheiras. Como me comprometi com vocês, que perdem suas noites fazendo contas e listas de novos aliados, vou ser mais direto e espero que saibam aproveitar esse manual.
Olhe, não ligue para com o que o povo tem a dizer o povo não deve ter vez por aqui. Quem escolhe os nomes são vocês, e tão pouco importa se um dia ele foi seu inimigo, afinal como já dizia nossa avó, “antes mal acompanhado do que só”. O que tem que prevalecer é a objetividade e o foco da fatia do bolo, afinal nem só de pão viverá o político, mas sim de tudo aquilo que lhe enche o bolso.
 A partir de agora leve seu automóvel até uma oficina mande turbinar sua buzina, e procure o ortopedista para saber como está à saúde de sua mão, afinal você não deve nunca parar de acenar para as pessoas, e sempre mantenham um sorriso de canto a canto. Nunca deixe de pegar nas mãos dos miseráveis e imundos que andam esfarrapados pelas ruas, pois se lembre que existe uma porquinha bem gorda esperando por vocês. Faça pequenas reuniões, convide o pessoal, compre umas geladas e uma farofinha, e puxe lá da memória (isso é fundamental) o nome do pai e da mãe de cada um, eles vão adorar e logo dirão sim.
 Não deve ser difícil. Outro passo fundamental é sempre repetir em voz alta, que tudo é feito para o bem do povo de Joaquim Gomes. Não faz mal mentir, só faz mal mentir quando não é para o nosso próprio bem, e nunca se esqueça da tapinha nas costas e o aperto de mão, isso já é um clássico e não pode já mais deixar de se repetir. Por aqui vale quase tudo, só tenha cuidado com os títulos dos seus eleitores, pois sem ele, eles não poderão votar. Por tanto, nesse jogo não vale marcá-los com o bico da caneta isso “não pode”. Então faça um cadastro com os nomes e número do título, dê uma gratificação, um valor simbólico aos eleitores e é só aguardar o resultado final.
Lembrando que tudo o que já foi dito é para quando pretender se lança nesse jogo de cartas marcadas, pois quando o resultado lhe for favorável só existe uma regra, que é a do mais esperto. Ao ganhar, as regras devem mudar. Você deve primeiro acoplar o Maximo possível de pessoas na prefeitura. Isso irá garantir quatros anos sem reclames. Depois é só desfrutar do nosso dinheiro, nós não iremos lhe incomodar. Agora para fechar o ciclo desses fundamentos, compre um belo carro prateado, coloque uma bota de couro, deixe o bigode cresce, coloque aquele velho chapéu redondo e é só sair para o abraço.
Entre todos os fundamentos desse manual, talvez esse seja o mais importante passo, para que o seu nome esteja nas paradas de sucesso da próxima eleição, que é nunca cometer o mesmo erro em pensar que o povo tem memória curta. E agradeçam a miserabilidade e a falta de educação que o povo brasileiro tem. Pois, se não fosse assim não teria manual nenhum no mundo que lhe fizessem permanecer firme e forte na política.

 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Construção

   Diante de todo esse processo político, o qual estamos passamos torna-se comum criticas contra a atual situação. Concordo e acho importante que existam pessoas interessadas no nosso processo politico, porém algumas  críticas não são válidas, pois muitas vezes ouvimos reclames sobre coisas de mínima importância e que as vezes não depende da atual gestão. Criticar é ato totalmente legitimo, porém quando é feito com consciência.
   Como já foi dito acima, as criticas podem ser feito, mas  quando conhecemos os reais problemas e as possibilidades de melhorias; não digo que muitas coisa por aqui não deva melhorar. Será que todos os reclames foram feito de maneira racional, ou será porque "ELES"já não tem mais as mesmas regalias de antes? Pois, essa questão merece uma melhor observação, uma melhor reflexão. Digo isso porque conheço muita gente que durante mandatos passados não abriam a boca para denunciar os descasos, sei que antes não tinha-mos os mesmos meios de comunicação de hoje; e que hoje através deles podemos reivindicar melhorias. Hoje, precisamos rever nossos conceitos, como dizia Raul Seixas" somos metamorfoses ambulantes" e nesse processo de constante mudanças de pensamentos e opiniões muitas vezes temos que ser coerentes em expor nossas opiniões.
  Acredito que não seja fácil assumir uma instituição, a qual deve ter dívidas absurdas, já que muitos que lá estiveram, ou melhor, administraram a usaram para enriquecer e enriquecer seus bons amigos. Não podemos também esperar muitas mudanças até porque a real situação da nossa prefeitura é de extrema calamidade, mas acredito que o atual prefeito Nêgo Sarrapião possa nos trazer melhores condições e  melhorias  não só para alguns, porém para toda população joaquingomense, isto sou eu quem digo nessa nota pública, como também não terei problema nenhum  se em um próximo texto eu desconstrua toda essa boa possibilidade.Todos nós estamos sujeitos ao erro. O que não podemos é usar os nossos erros sempre como uma chance de começar de novo, temos que ser o mais empenhado possível para que a nossa oportunidade sirva de ensinamento para outros.
  Nada mais do que justo que em um município que só tem aumentado o índice de futuros profissionais, sejam eles nas áreas da educação, saúde e exatas, possamos enxergar  Joaquim Gomes como o nosso primeiro local de experiência profissional, afinal temos por obrigação construir aqui um melhor futuro para aqueles que não tiveram a mesma oportunidade, mas que nem por isso deixam de contribuir nessa construção.


  Existe vários setores públicos que precisam ser revisto, como por exemplo; onde está a secretaria de cultura e quem responde por ela? Para onde vai os recurso por ela recebido? Existe recursos? Quanto? São perguntas válidas para esse momento. Um dos vários problemas é que sempre quando falamos, ou demonstramos nossa opinião sobre determinado assunto, logo nos taxam de oposição, e na verdade nós só queremos o melhor para o lugar de onde viemos e amamos. Queremos que Joaquim Gomes seja estampado nas páginas dos jornais não só quando algum político for acusado de corrupção, ou quando acontecer uma tragédia climática, queremos é ter orgulho de dizer que moramos em um lugar onde somos avaliados pelo que somos e pelo que sabemos; não pelo o que temos. Queremos poder opinar e ver nossas opiniões serem ouvidas e entendidas? Queremos muito desse lugar que, acredito eu tem muito a oferecer. As vezes fica parecendo que nós que aqui criticamos estamos sempre torcendo pelo pior, e isso não é verdade, apenas queremos dizer que somos de uma cidade que tem origem indígena, dizer que somos da "cidadizinha" que hoje tem um dos altos índices de alunos no superior. Quero que sejamos visto por tudo de bom que temos para oferecer para a nossa terra.
  Precisamos construir juntos a nossa cidade, e que cada tijolo seja colocado por pessoas que só queiram o melhor para a nossa cidade. Como já disse no primeiro parágrafos eu torço muito pelo novo prefeito e acredito que muitas coisas boas serão feitas, até porque antes de assumir o seu atual cargo já era uma pessoa com sede de vencer e que aos poucos vem vencendo, mas que também irá precisar da compreensão e do apoio de todos nós Joaquingomenses.
  Que esse texto sirva para que os leitores façam um raio X da nossa atual situação e que juntos coloquem tijolo, por tijolo e assim possamos erguer nossa cidade.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

  POESIA / MÚSICA CONTEMPORANÊA: LUIZ GONZAGA JUNIOR   (GONZAGUINHA)

Apresentação

O presente texto tem a proposta de analisar a poesia e a música de Luiz Gonzaga Junior – O Gonzaguinha. Artista da Música Popular Brasileira – MPB, o poeta e compositor iniciou sua carreira  na década de 60, porém sua consagração se deu na década seguinte notabilizando sua rara inspiração, cujas obras são praticamente autorais, sem parcerias. A maioria de suas composições é de incontestáveis méritos para aquele que foi e ficou conhecido nacionalmente como o filho do Rei do Baião – O Mestre Lua – O Gonzagão – Luiz Gonzaga.
Gonzaguinha não foi criado pelo pai biológico no nordeste. Sua mãe morreu muito cedo com apenas 22 (vinte e dois) anos, com dois anos apenas, seu Pai o entregou aos padrinhos, alegando não poder criar o menino, pois viajava muito pelo país por causa dos shows que tinha que apresentar e não encerrar de modo abrupto a carreira artística. O menino foi criado no Morro de São Carlos, no Estácio – Rio de Janeiro.
Moleque Luizinho apelido de infância, vivia nas ruas, nas ladeiras do Morro e para conseguir algum dinheiro, carregava sacolas para senhoras que iam as compras nas feiras livres e servia de olheiro para os bicheiros do local onde morava, quando a polícia dava as batidas costumeiras para prender os contraventores do local.
O aprendizado do menino se deu em uma escola pública na redondeza onde morava e o contato musical se deu em casa ouvindo o padrinho tocar violão. Encantado pela música Gonzaguinha ouvia Lupicínio Rodrigues, Jamelão, as músicas do Rei do Baião ( o pai), amava bolero e freqüentava programas sertanejos, apreciava as músicas portuguesas, pois sua madrinha era filha de portugueses e o mantinha ligado às tradições da família.
Do Velho Lua recebeu o nome na certidão e algum dinheiro para os estudos depois de ter passado boa parte da infância  entre a malandragem dos moleques de rua e o carinho da mãe adotiva. Imerso nas atribulações cotidianas da população do local onde crescia, o Moleque Luizinho crescia e aprendia a dureza de uma vida marginal, a injustiça vivida por uma parcela da sociedade que não tinha direito a nada, totalmente excluídos da sociedade dominante.
Muito esperto, aos catorze anos, Gonzaguinha já dava sinais de talento para poesia e música e fez sua primeira composição “Lembranças de Primavera”. Mais tarde compôs “Festa” e “From U.S. of Piauí”.
Em 1961, quando completou 16(dezesseis) anos, os pais adotivos de Gonzaguinha não tiveram mais condições financeiras para os estudos do menino que queria cursar uma Faculdade de Economia, então o menino foi morar com o pai biológico.
Os desentendimentos com D. Helena, esposa de Gonzagão, na época fizeram com que fosse internado num colégio. O rapaz  concluiu o Curso Clássico e ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.
A infância pobre no Estácio, os conflitos familiares e o espírito crítico ao longo de suas trajetória de vida, aliados ao estudo universitário e a vivência de uma época da considerada “a mais dura das ditaduras”, no Brasil, o tornou um dos mais criativo e inteligente compositor da Música Popular Brasileira Contemporânea.
Cidadão consciente social e politicamente, Gonzaguinha era capaz de inserir o cotidiano nas músicas que compunha. Um crítico feroz dos desmandos da ditadura e a falta de liberdade de expressão,  perseguido muitas vezes pela censura e aos poucos se deixou levar pelos caminhos do coração e conseguia aliar dramas sociais e políticos, com paixão, sem ser sentimental ao extremo, nas letras de suas músicas. Um excelente poeta romântico adentrava no universo feminino que poucos conseguiram.
Ao longo de sua grande e curta carreira (por ter morrido ainda jovem e de forma trágica), conseguiu em 1980, nos deu uma obra que possibilitou compreender um pouco mais seu pensamento “De volta ao Começo”, um disco no qual uniu crítica social com canções de amor. Um belo trabalho com uma visão global da época que o país atravessava. Vejamos algumas letras, nas quais o músico/poeta  abordou  questões sociais, denúncias da violência ditatorial entre outras também de fundo romântico, essas últimas nos possibilitou compreender  através da música o  lado romântico  do compositor um pouco antes do seu  falecimento no ano de 1991.

É (Gonzaguinha)
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...
É
É! É! É! É! É! É! É!...

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

 E vamos à Luta (Gonzaguinha)

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão

Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada

Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e contói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro

Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada

Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos ‘pelaí’...

Nessas duas primeiras composições acima “É” e “E Vamos a Luta” surgiram  numa época que o Brasil atravessava grandes tensões  políticas, no final dos anos 70 e inicio dos anos 80. Também era acentuado o crescimento de movimentos sociais, abertura política e a juventude se conscientizando das questões religiosas e políticas.
Na letra de “E Vamos a luta”, nas três primeiras estrofes o compositor fala da alma do brasileiro que luta pela vida, por seus direitos e apesar das dificuldades que enfrenta no cotidiano procura sempre um jeito de curtir a vida. A partir da 4ª estrofe, uma outra questão é abordada, a questão do ser negro, mesmo excluído pela sociedade dominante segue lutando contra as desigualdades e sobrevive com orgulho de ser brasileiro, tem força suficiente para transformar as dificuldades em conquistas encontrando um modo de seguir em frente sem se deixar abalar com as exclusões e discriminações.
Todas essas questões e tensões apontadas acima, Gonzaguinha trouxe para dentro de suas músicas e também denunciava o violento regime militar da ditadura como nas letras das músicas abaixo  “Achados e Perdidos”, “A Marcha do Povo Doido”, entre outras.

Achados e Perdidos
Quem me dirá onde está
Aquele moço fulano de tal
(Filho, marido, irmão, namorado que não voltou mais)
Insiste os anúncios nas folhas
Dos nossos jornais
Achados perdidos, morridos
Saudades demais
Mas eu pergunto e a reposta
É que ninguém sabe
Ninguém nunca viu
Só sei que não sei
Quão sumido ele foi
Sei é que ele sumiu
E que souber algo
Acerca do seu paradeiro
Beco das liberdades
Estreita e esquecida
Uma pequena marginal
Dessa imensa Avenida Brasil
A Marcha do Povo Doido
Intro: (Cm D7 Gm Am5-/7 D7 Gm)
Gm
Confesso
Cm
Matei a Dana de Teffé
Am5-/7
E muitos mais se você quiser
D7 Gm
Eu sou qualquer José Mané
F#5+ Gm/F Am5-/7
Dos Santos, da Silva, da Vida
Gm
Confesso
Cm
A culpa pela carestia
Am5-/7
E pela crise de energia
D7 GM
Eu sou o dono da OPEP
F#5+ Gm/F G7
Ou Pepsi, ou Coca ou Cola
Cm
Confesso
Am5-/7
Nem precisa bater
D7 Gm
E confessar me alivia
Gm/F
Vem meu bem
Em5-/7
Me condena com aquela anistia
D7 G7
Me manda logo pra cadeia
Cm D7 Gm
Garanta um pouco a minha poupança
Gm/F Am5-/7
Pois pelo menos estando em cana a minha pança
D7 Gm F#5+ Gm/F
Nessa composição, como o próprio tema indica  “Achados e Perdidos”, Gonzaguinha tece com todo vigor críticas sociais  e denuncia  a violência do regime ditatorial da década de 60 e 70, fazendo uso de uma linguagem clara inteligível e que não deixa dúvidas para o leitor quanto ao conteúdo e significação.
 Os anos 60 e 70 foi uma época de grande perseguição promovida pelos militares  que estavam no Poder. As pessoas que caiam nas garras dos militares eram torturadas, humilhados, desapareciam sem deixar vestígios e os que permaneciam sob o poder dos militares, para se verem livres das torturas contra eles praticadas confessavam-se culpados de crimes que nunca haviam praticado. O regime militar era tão severo para com o povo brasileiro, que muitos, ao serem apanhados, por não terem subsídios para suprirem as necessidades básicas como alimentação, não resistiam, desejavam ser aprisionados para não morrerem de fome nas ruas.
Nas letras produzidas por Gonzaguinha, de forma ora explícita, ora implícita, o compositor  nos  põe a par  da dominação das grandes indústrias que surgiram no país. A economia gerada, era concentrada nas mãos de poucos e acentuava cada vez mais as desigualdades sociais (essa questão não faz parte do passado, ainda é contemporânea), emprobrecendo cada vez mais as populações de baixa renda.

Um Homem Também Chora

Um homem se humilha
se castram seus sonhos.
Seu sonho é sua vida
e vida é trabalho
e sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
e sem a sua honra
se morre
se mata.
Não dá pra ser feliz.
Não dá pra ser feliz.

Acima temos uma bela poesia de Gonzaguinha onde estão explícitos seus   sentimentos, sua sensibilidade na canção Um Homem Também Chora. Uma revelação inequívoca do conteúdo sagrado que o trabalho assume, não só para ele como cantor/compositor, poeta/músico, mas também  para aqueles que o praticam na plenitude racional-emocional da natureza de seu ser. Num olhar mais atento, percebe-se a existência de uma denuncia contra o capitalismo industrial como sendo uma ordem de coisas inalterável, à qual o trabalhador deve viver e se submeter, escravizado, explorado não será feliz jamais.


Lindo Lago do Amor

E quem que viu
o bem-te-vi
A sabiá
sabia já
A lua só olhou pro sol
A chuva abençoou
O vento
dizem que é feliz
A águia quis saber
Por que porque
pour quoi será
O sapo entregou
Ele tomou um banho d’água fresca
num lindo lago do amor
Maravilhosamente clara a água
num lindo lago do amor

Feliz
Para quem bem viveu o amor
Duas vidas que abrem não acabam com a luz.
São pequenas estrelas que correm no céu
Trajetórias opostas
Sem jamais deixar de se olhar.

É um carinho guardado no cofre
De um coração que voou;
É um afeto deixado nas veias
De um coração que ficou;

É a certeza da eterna presença
Da vida que foi
Na vida que vai.

É a saudade da boa:
Feliz, cantar.

Que foi, foi, foi
Foi bom e pra sempre será
Mais, mais, mais...

Maravilhosamente amar.

A composição acima “Feliz”, o compositor nos presenteia com uma letra de rara sensibilidade, ainda que o tema abordado seja muito comum: duas  pessoas que a vida por algum motivo separou, não conseguem se desligar por completo ( “trajetórias opostas, sem jamais deixar de se olhar”). Não temos como negar que há poesia  nos versos como: “É um afeto deixadonas veias de um coração que ficou” e “ é a certeza da eterna presença da vida que foi na vida que vai”.  Versos que não precisam de grandes explicações para nos revelar  mais um lado encantador de Gonzaguinha.
Na canção “Lindo Lago do Amor” , várias metáforas expressando um outro lado do compositor, o de uma pessoa cheia de esperança, acreditando que é possível ser feliz e acreditando sempre no amor.
Sangrando

 Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando

Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo

Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a nossa emoção

E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar

Grito de Alerta
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel...
Depois
Vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel...

Não vê que então eu me rasgo
Engasgo, engulo
Reflito e estendo a mão
E assim nossa vida
É um rio secando
As pedras cortando
E eu vou perguntando:
Até quando?...

São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal...

Não quero a razão
Pois eu sei
O quanto estou errado
E o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais
Prá engolir...

Veja bem!
Nosso caso
É uma porta entreaberta
E eu busquei
A palavra mais certa
Vê se entende
O meu grito de alerta
Veja bem!
É o amor agitando o meu coração
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida dá gente
Gritando que não...(2x)

Nessas duas últimas composições  analisadas no presente texto, o compositor nos traz as questões dos dramas conjugais, tanto na letra da música “Sangrando” como  na letra de “Grito de Alerta”.  O lado romântico de Gonzaguinha, mais uma vez se aflora nessas composições, totalmente diferente das letras das músicas, em que denunciava os dramas sociais, os anos de chumbo marcado pela ditadura militar e por ela perseguido tendo várias composições censuradas.








Considerações Finais:

Luiz Gonzaga Junior lutou por um Brasil mais justo, durante o tempo que ficou conosco, o musico/poeta  foi considerado como um compositor destemido e passional, artista da MPB, sempre buscou falar/escrever com extrema lucidez de política, de existência, do papel da mulher e das relações conjugais. Nas obras que nos deixou, se lançarmos um olhar mais atento e aguçarmos mais nossa audição, perceberemos o teor altamente confessional do autor, a maioria das obras está ligada  a sua trajetória pessoal, desde infância, quando entregue aos padrinhos, a época da ditadura militar que foi perseguido, censurado por causa de suas escrituras, o MAU – Movimento Artístico  com Ivan Lins, Aldir Blanc entre outros e os novos valores que começavam a se destacar na MPB, até o dia que partiu para sempre.
Gonzaguinha procurou, apesar de misturar amor com dramas sociais cotidianos, dar sentido  de esperanças de um novo país e alegria ao povo brasileiro através de suas composições, estava se tornando uma pessoa diferente daquele homem descrente, rancoroso que surgiu em 1968, na época da ditadura e cheio de mágoas por causa dos conflitos familiares.
O compositor nos deixou de forma trágica, numa manhã do dia 29 de abril de 1991, decorrente de um acidente na BR-280 a 390 km de Curitiba, quando retornava de um show e se dirigia para Foz do Iguaçu onde entraria num avião e retornaria para o Rio de Janeiro. Dirigia o próprio carro e teve morte instantânea  quando bateu numa caminhonete. Seu trabalho, sua carreira artística marcou nosso tempo e como poucos soube perceber sua própria história e fazer história no país, sua voz, sua música, sua poesia viverá para sempre na memória do povo brasileiro, de seus contemporâneos e na Música Popular Brasileira.











REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANCO, Carlos. A Censura na MPB. Porto Alegre: Alcance, 1994.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena História da Música Popular. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
Sites consultados:
http://gonzaguinha.letras.terra.com.br/letras/259335/  consultado em 19/03/2008.
http://gonzaguinha.technet.com.br/ consultado em 19/03/2008.
http:// www.mpbnet.com.br/musicos/gonzaga.jr/index.html - MPBNet Música Brasileira de qualidade – consultado em 19/03/2008.

Obra encontrada no endereço eletrônico :http://www.overmundo.com.br

Comentário a respeito de nós mesmos

  Há um tempo atrás hera-mos crianças e o futuro era a nossa herança e o que herdamos foi a discórdia e  a ganância. Crescemos e como os galhos de uma arvore fomos cada uma para o seu lado, e como dizia Gonzaguinha "são caminhos como as linhas dessa mão". Nessa busca insensata, muitas vezes deixamos para trás aqueles fins de tarde, os passeios sem ter hora para chegar, o "descompromisso" que nos fazia tão bem. Agora temos que caminhar em linha reta, para não sermos interrompidos, abortados e até mesmo excluídos de um país tão desigual e que apesar de tudo nos orgulhamos de ser brasileiros. Hoje, só a continuidade daqueles velhos planos é o que nos interessa para continuarmos seguindo, fortes e encantado pelo desejo de vencer.
  Quantos jogos no fim da tarde, quantas aventuras pelo mato adentro, quantos jeitinhos encontramos para não repetir de ano,aqueles corredores ainda continuam por lá, assim como as "paredes riscadas a giz testemunhando que alguém foi feliz"( trecho da música Lembra de mim- Ivam Lins), quantos trotes, quantos rock nós dois cantamos,a história, ou melhor a música da velha que todos os dias na saída da escola cantávamos,o sonho de ser herói e salvar o mundo de um vilão, nossos heróis foram passados para outra geração, aquele sonho de ser craque ficou só mesmo nas peladas e os rock's em papéis que não encontramos mais. Agora, você se foi para um lugar distante, desconhecido e perverso; assim como são as cidades grandes, as metrópoles. Antes nos esbarrávamos pelos corredores e esquinas, hoje tentamos transmitir nossa saudade através de fios de micro-fibras, por instrumentos tão avançados quanto o nosso desejo de se encontrar. Lembro daqueles encontros para a perversidade, para caminharmos sem ter hora para chegar, e isso era o que nos fazia ser criança. Nossos pequenos delitos, mas que não foram capazes de fazer mal a ninguém, a não ser a nós mesmos. Era o que nos fazia ser moleques... Moleques que cresceram e que hoje se lançam nas ruas, nas cidades grandes, nas disputas por espaço, e que nessa "competitividade capitalista" as vezes somos forçados a sermos o que nós nunca fomos; desumanos, ambiciosos e solitários.
  Qual a chance de todos nós se encontrarmos de novo? Assim, como cada despedida. Quando iremos ri de tudo isso? Quando iremos comemorar juntos a nossa vitória, tomando aquela dose  e chorando outros fracassos? Quando? Nada se mantém como antes, como a pouco tempo, nada... A solidão é substituída por boas lembrança, e quando o sal molha o nosso rosto cantamos em voz alta: "Um dia feliz, as vezes é muito raro...falar é complicado, quero uma canção fácil..." Fácil, como a vida que levávamos. Vida fácil, fácil, fácil...
  Aqui, eu tento manter viva as boas lembranças de várias crianças que cresceram lado a lado e que já mais se esqueceram, mesmo sem se ver, mesmo que através de fotografias velhas, somos ainda meninos que em uma busca emocionante procuram dentro da legalidade e do que acreditamos ser de direito e correto para sobreviver...Essas capitais que nos separam, não são capazes de nos "separar". 

domingo, 30 de janeiro de 2011

A lua lá no céu



A lua lá no céu tem o seu papel
ilumina seu quintal, reluz em seu olhar
A lua lá no céu, quente, morna e fria
encanta, inspira e entristece
A lua lá no céu, branca, cheia, minguante

Lua de São Jorge, São Pedro e São João
Lua minha, tua e de todos nós
Lua de quem ama, chora, sofre e canta 

A lua lá no céu tem o seu papel
bailando com os astros, em um céu de estrelas
A lua grande, gorda e quente
clareia o mar, os pés molhados na areia
A lua lá no céu, suave toca o chão
vai e vem, dançando com a noite

Lua de São Jorge, São Pedro e São João
Lua de balões, estrelas e solidão
Lua minha tua e de todos nós

A lua lá no céu, tem o seu papel
você fotografa, eu me inspiro,escrevo e sobrevivo
A lua lá em riba, nós aqui em baixo
A lua lá no céu, tem o seu papel
lua minha, tua e de todos nós
lua que você me deu

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DIGA LÁ MEU CORAÇÃO


Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importante e vindo do interior, mas trago de cabeça uma canção do rádio, de um antigo compositor cearense (Belchior) que diz amar e mudar as coisas me interessa mais, porque a vida "realmente" quer dizer a vida ao vivo é muito pior; e o amor é uma coisa mais profunda que uma transa sensual.
            Mas, para que se preocupar com isso se a vida é uma aventura da qual nós não sairemos vivos dela. Deixando a profundidade de lado eu quero ficar do teu lado , fazendo tudo e de novo e dizendo sim a paixão, morando na filosofia. Mas quando a vida nos violentar pediremos ao bom Deus que nos ajude, falaremos para vida, vida pisa de vagar meu coração. O meu coração é frágil, meu coração é como vidro, como beijo de novela. Você vai lembrar de mim, dos beijos que escrevi nos muros a giz, os mais bonitos continuam por lá, documentando que alguém foi feliz, "eu fui feliz" e por quase um segundo eu acreditei em nós dois.
Mas, tudo bem... Mesmo sem te ver acho até que estou indo bem, para ser sincero só um pouquinho infeliz, mas tudo bem... até a lua se arrisca no palpite de que o nosso amor existe: forte, fraco ou triste...As vezes me dá vontade de gritar que apaixonado eu sou. E meu pensamento só tem um momento de fugir em um disco voador...vamos andar...Os filhos de Bob   Dylan, clientes da Coca-Cola, nós que fugimos da escola, voltamos todos para casa.
Uns queriam mandar bronca, outros, ser pedras que rola aí manei entrou em cena e acabou tudo, e adeus caras bons de bola. Meu pai não aprova o que eu faço, tão pouco eu aprovo o filho que ele fez, sem sangue nas veias, com nervos de aço, dispenso o abraço que me dá por mês. Eu quero mesmo é que a minha voz saia do rádio e no alto falante, e que você possa me ouvir no quarto de pensão beijando um estudante. Para você que tem que trabalhar bastante escute e aprenda logo a usar toda essa dor, quem teve que partir para um país distante não desespere da aurora, recupere o bom humor.
A solidão que dói dentro do carro, gente de bairro afastado onde anda o meu amor. E a noite em minha cama quando for deitar minha cabeça, eu quero ter daquela que me ama um abraço que eu mereça; e o amor quando trouxer a luz do dia, faça com que o sol apareça sobre a América do sul. Não cante vitória antes do tempo, porque as lágrimas dos jovens são fortes como um segredo e pode fazer rejuvenescer um mal antigo. Vida, vento leve-me daqui...
  Dentro do carro sobre o trevo a cem por horas, só tenho agora os carinhos do motor. Só quero mesmo é dançar para o meu corpo ficar odara, para ficar tudo jóia rara, rapte-me cama-leoa, adapte-me no seu ne me quitte pas. Pois, saiba que um home também chora menina morena, também deseja colo, palavras amenas, precisa de um abraço... É triste ver tanto meninos, tantos homens escravos de outros homens ... Daqui eu vejo que eles sangram, se humilham, se matam, se morre, se roubam o seu trabalho...Está faltando emprego nesse meu lugar; eu voltar pro norte semana que vem, Deus já me deu sorte, mas tem um porém, não me deu a grana para eu pegar o trem. Preta, pretinha assim vou lhe chamar assim você vai ser.
Enquanto corria a barca eu ia lhe chamar, por minha cabeça não passava só, somente só assim vou lhe chamar; preta, pretinha. Abra aporta e a janela e vem vê o sol nascer, eu sou um pássaro que vive avoando, vivo avoando sem nunca mais parar...aiai !!! saudade não venha me matar.
  Você não sente e nem vê, mas eu não posso deixar de dizer meu amigo que uma nova mudança em breve vai acontecer e o que algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo e precisamos todos, todos rejuvenescer.
Nunca mais eu convidei minha menina para correr no meu carro, loucuras, chiclete e som. Nunca mais você saiu as ruas em grupo reunido, o dedo e "v" cabelo ao vento, amor e flor, aquele cartaz...onde estava escrito: "Nessa nossa vida de revolucionário a morte é um acidente frequente"(Chê Guevara) no presente a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais... Mas eu não posso deixar dizer meu amigo que uma mudança em breve vai acontecer... Já aconteceu comigo, pois eu já não sou mais o mesmo de antes...
  Hoje, o meu medo é só de avião e foi assim que eu segurei pela primeira vez a tua mão. Já faz tanto tempo que eu estou longe de casa que até o meu blusão de couro já se estragou, e ouvi dizer no papo da rapaziada que aquele amigo que embarcou comigo, já se mandou. E até a mulher que eu amei, não pode me seguir... Nesses casos de família e de dinheiro eu nunca entendo bem. Até parece que foi ontem a minha mocidade, agora eu quero tudo, tudo outra vez. São coisas dessa nossa vida tão cigana, caminhos como as linhas dessa mão, vontade de chegar e olhe eu chegando, e vem essa cigarra no peito, já querendo ir cantar em outro lugar.
Diga lá meu coração da alegria de rever essa menina e abraça-la e beija-la. Diga lá meu coração conte as histórias das pessoas nas estradas dessa vida, chora essa saudade estrangulada, fale sem você não há mais nada, olhe bem dentro dos olhos da morena e veja lá no fundo o brilho daquela primavera, passe as mãos nos seus cabelos negros, diga um verso bem bonito e de novo vá embora.
Diga lá meu coração que ela está no meu peito e bem guardada e que é preciso, mas que nunca prosseguir... Espere por mim morena, espere que eu chego já, e de novo escute... Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando, coração na boca, peito aberto vou sagrando. São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando, e tudo o que eu cantar esteja certa que estarei vivendo. E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso, não se espante cante que o teu canto é minha força para cantar.
   Enquanto isso da janela lateral, do quarto de dormir vejo uma igreja, um sinal de glória, vejo um muro branco e o voo de um pássaro, vejo uma grade e um velho sinal. Mensageiro natural de coisas naturais, quando eu falava dessas cores mórbidas, quando eu fala desses homens sórdidos, quando eu falava desse temporal, você não escutou; mas isso é tão normal ... Mas, saiba que é preciso saber olhar pela janela lateral, enxergar por outro ponto de vista, triste, porém real. Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome, cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores! Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve e como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora.
Ai, eu quero chegar antes para sinalizar o estar de cada coisa e não acredito que esse estado de coisas seja o único possível, quero filtrar seus graus. Eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone e vendo doer à fome nos meninos que têm fome... Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela? Quem é ela? "Só me diga o que for bom"!!! Quero ir para casa, não vejo minhas coisas desde o começo de Abril, tem um relógio velho parado desde começo de Abril, tem uma menina que eu encontrei na estrada dizendo que volta comigo, para descansar da vida que agente escolheu. Já chegou para mim o momento em que você levanta e acha que fez a primeira parte de tudo que queria e agora chegou sua vez...
  De plantar raízes da terra de onde veio tirando vida nova do chão, e logo você volta para estrada, para vê o que ainda não viu. Noite, à noite na semana o meu coração me chama para dizer que você regressou compadre meu, esse meu pressentimento não é coisa que o momento fabricou compadre... Quem já tem tanto dinheiro pode bem pensar primeiro na mulher, no filho e no amor. Nem posso ver, eu menino nessa idade respirando o que a cidade envenenou. Quero que você me faça um favo, já que agente não vai mais se encontrar e que seja bem fácil de guardar.
Pois, apesar das minhas roupas rasgadas eu acredito que vou conseguir uma carona que me leve pelo menos à cidade mais próxima, aonde ninguém vai me olhar diferente, quando eu tocar na minha velha guitarra as canções que eu conheço. Eu tinha apenas dezessete anos no dia que sai de casa e não fazem mais que duas semanas, mas encontrei tantas pessoas tristes desaprendendo como conversar. E parece que eu estou carregando os pecados do mundo, para superar canto uma canção bonita falando da vida em Ré maior, canto uma canção daquelas de filosofia e mundo bem melhor. Canto uma canção que aguente essa paulada e agente bate o pé no chão, sem o compromisso estreito de falar perfeito, coerente ou não.
  Canto o que não silencia, é onde principia a intuição. Com ou sem licença o sol rompe a barrada á noite sem pedir perdão, canção como Poema do Cazuza e do Frejat, minha canção!!! Faço uma lista de grande amigos, quem você mais via há dez anos atrás, quantos você ainda ver todos os dias, quantos você já não encontra mais. Faço uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar, quantos amores jurados para sempre, quantos você conseguiu preservar. Onde você se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora. Hoje é do jeito que achou que seria? Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber.
 Quantas canções que você não cantava, hoje assobia para sobreviver "O que eu tenho dentro do meu coração, eu tenho guardado para te dá..." O fato é que agente perdeu toda aquela magia, a porta dos meus quinze anos não tem mais segredos, e velha, tão velha ficou nossa fotografia...
  Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio e que já não dá mais para engolir. E descubro que a solidão é fera, a solidão devora; é amiga das horas, prima, irmã do tempo e faz os nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração...Quando o navio finalmente alcançar a terra e o mastro da nossa bandeira se enterrar no chão eu vou poder pegar na sua mão, falar de cosa que eu não disse ainda não, coisas do coração...
   Quando agente se tornar rima perfeita e assim virarmos de repente uma palavra só, igual ao nó que nunca se desfaz... Somos a resposta exata do que agente perguntou, entregue a um abraço que sufoca o próprio amor, cada um de nós é o resultado da união de duas mãos coladas em uma mesma direção; Coisas do coração. O que eu não posso é entender tanta gente aceitando a mentira de que os sonhos desfazem aquilo o que o padre falou. Tenho vinte e cinco anos de sonhos e de sangue; e de América do sul, mas se você vier me perguntar por aonde andei no tempo em que você sonhava de olhos abertos lhe direi, amigo eu me desesperava.
 Mas, antes de tudo se acabe, eu, apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo e que minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo preso na poeira.  Eu apenas queria que você soubesse que esta menina hoje é uma mulher e que essa mulher é uma menina que colheu seu fruto, flor do seu carinho. Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta, que hoje eu me gosto muito mais também, e que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora. É se respeitar sua força e fé, se olhar bem fundo até o dedão do pé.


  De maneira textual, eu apresento algumas das mais belas canções... Canções como Intuição, A lista e Aquela coisa toda do Oswaldo Montenegro. A Canção da estrada 1 e 2 de Sá e Guarabira.... Diga lá meu coração, Sagrando e um homem também chora do nosso inesquecível poeta Gonzaguinha. E como não poderia faltar várias canções de um dos maiores compositores brasileiros; Belchior. Músicas como: Coração selvagem, Canção da América e tantas outras músicas tão belas quanto o efeito que elas me fazem......

  

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Esquadros

Nesses dias de solidão mergulho em livros que eu não pretendia lê, em discos que nunca me imaginei ouvir. Vejo pela janela meninos jogando bola e sonhando com um mundo possível, com mundo justo e livre. No qual todos nós possamos participar de sua alegria.Eu já não sou mais o mesmo... Hoje vejo o mundo em uma paisagem triste e fria, vejo pessoas parecerem bichos de carga, crianças que não passam de futuros bichos e mulheres submissas a um machismo cristão.Começo a entender o meu papel, posso até não ter tempo de concluí-lo, mas isso é o que menos me importa neste momento. Acredito que ao longo dessa caminhada plantarei frutos e frutos possíveis de dá continuidade a minha caminhada "a nossa caminhada".É incompreensível como alguém possa achar  normal, ou mesmo, natural que poucos tenha o poder nas mãos e que todos nós tenhamos que servi-los como se tivéssemos nascidos para isso. "Amar e mudar as coisa me interessa mais", mesmo que isso possa levar décadas ou até mesmo um preço maior... Vejo esses miseráveis andando de um lado para o outro como se fossem formigas, que a qualquer momento podem ser pisoteadas por ser humanos entupidos e arrogantes. Por porcos fardados que acham ter o poder de matar e que com o peito estufado e condecorado semeiam a estupidez brasileira por todos os lados....

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Burguesia e Proletariado

   A história de toda a sociedade antiga é a historia das lutas de classes.
   Livres, escravos patrícios e plebeus, servo, mestres de corporação e companheiros oprimidos, estiveram juntos em constante oposição, levando uma interrupta luta oculta, abrindo uma luta, que transforma da  sociedade revolucionaria terminando com a ruína comum das classes de combate.
   Na primeira época da historia encontramos quase em todos os lugares uma completa repartição da sociedade em varias ordens de gradação social. Na idade Romana temos Patrício, Senhores, Plebeus, escravos, vassalos, medievais feudal, aprendizes, servos, e ainda em quase todas estas classes havia gradações na sociedade feudal, não abolindo o antagonismo de classe da sociedade burguesa moderna. Ela tem apenas novas condições de opressão, nova formas de luta, no lugar do antigo conjunto.
   Nossa época a época da burguesia, no entanto, é caracterizada pelo fato deles simplificarem o antagonismo de classes. Toda sociedade está cada vez mais dividida em duas grandes classes de campo hostis, em duas grandes áreas, voltado diretamente para cada pé: burguesia e proletariado.