segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Comentário a respeito de nós mesmos

  Há um tempo atrás hera-mos crianças e o futuro era a nossa herança e o que herdamos foi a discórdia e  a ganância. Crescemos e como os galhos de uma arvore fomos cada uma para o seu lado, e como dizia Gonzaguinha "são caminhos como as linhas dessa mão". Nessa busca insensata, muitas vezes deixamos para trás aqueles fins de tarde, os passeios sem ter hora para chegar, o "descompromisso" que nos fazia tão bem. Agora temos que caminhar em linha reta, para não sermos interrompidos, abortados e até mesmo excluídos de um país tão desigual e que apesar de tudo nos orgulhamos de ser brasileiros. Hoje, só a continuidade daqueles velhos planos é o que nos interessa para continuarmos seguindo, fortes e encantado pelo desejo de vencer.
  Quantos jogos no fim da tarde, quantas aventuras pelo mato adentro, quantos jeitinhos encontramos para não repetir de ano,aqueles corredores ainda continuam por lá, assim como as "paredes riscadas a giz testemunhando que alguém foi feliz"( trecho da música Lembra de mim- Ivam Lins), quantos trotes, quantos rock nós dois cantamos,a história, ou melhor a música da velha que todos os dias na saída da escola cantávamos,o sonho de ser herói e salvar o mundo de um vilão, nossos heróis foram passados para outra geração, aquele sonho de ser craque ficou só mesmo nas peladas e os rock's em papéis que não encontramos mais. Agora, você se foi para um lugar distante, desconhecido e perverso; assim como são as cidades grandes, as metrópoles. Antes nos esbarrávamos pelos corredores e esquinas, hoje tentamos transmitir nossa saudade através de fios de micro-fibras, por instrumentos tão avançados quanto o nosso desejo de se encontrar. Lembro daqueles encontros para a perversidade, para caminharmos sem ter hora para chegar, e isso era o que nos fazia ser criança. Nossos pequenos delitos, mas que não foram capazes de fazer mal a ninguém, a não ser a nós mesmos. Era o que nos fazia ser moleques... Moleques que cresceram e que hoje se lançam nas ruas, nas cidades grandes, nas disputas por espaço, e que nessa "competitividade capitalista" as vezes somos forçados a sermos o que nós nunca fomos; desumanos, ambiciosos e solitários.
  Qual a chance de todos nós se encontrarmos de novo? Assim, como cada despedida. Quando iremos ri de tudo isso? Quando iremos comemorar juntos a nossa vitória, tomando aquela dose  e chorando outros fracassos? Quando? Nada se mantém como antes, como a pouco tempo, nada... A solidão é substituída por boas lembrança, e quando o sal molha o nosso rosto cantamos em voz alta: "Um dia feliz, as vezes é muito raro...falar é complicado, quero uma canção fácil..." Fácil, como a vida que levávamos. Vida fácil, fácil, fácil...
  Aqui, eu tento manter viva as boas lembranças de várias crianças que cresceram lado a lado e que já mais se esqueceram, mesmo sem se ver, mesmo que através de fotografias velhas, somos ainda meninos que em uma busca emocionante procuram dentro da legalidade e do que acreditamos ser de direito e correto para sobreviver...Essas capitais que nos separam, não são capazes de nos "separar". 

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